quarta-feira, 25 de abril de 2018

Cravo anunciado...


O dia está em festa!... Até o sol faz das suas.
O som dos bombos é contagiante e alegre.
Caminha… gaiteiro ao sabor das ruas.
Só uma sombra contrai os ombros, estremece!

À História resta a memória e muitas luas.
Ficou uma pomba que ainda se atreve,
a olhar para trás… as lembranças estão nuas.
Enquanto a festa prossegue no dia anunciado!

Amanhã; muitos dirão: são promessas…
Já que o choro do povo passa despercebido.
Num ajuste que nem sempre é sagrado.

Vinte e cinco de Abril… Cravo anunciado.
Pernoita nas pétalas…é esperança e andanças...
De um povo que vê o futuro às avessas.


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Esquina...


Rendilham os dias em desaire.
Até o azul perdeu o brilho. Escuro
é o reflexo das luzes a céu aberto.
Enquanto os amantes se esquecem de amar!

Não sei se o sol é uma estrela no universo
ou se a lua é um satélite naufragado.
Já que os corpos tremem ao sol
e as mãos esquentam a noite,
enquanto dedilham uma espécie de fado.

O fardo não está no lapso, está no desejo!
Qualquer isco é um batom vermelho.
A alma é uma corda bamba, nua e fria…
Numa rota deslavada um trinar amargurado.
Perde-se na calçada. Amanhã: um novo dia,
a mesma correria, mãos e corpos amontoados.
Não!... Não é poesia, não é musa, nem cupido.
É a sina que passa em brado…
Numa esquina qualquer!




Poesia falada, Mulher Alentejana.