sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Vontade manhosa…

 

Por vezes apetece-me escrever

um poema de merda, muito simples.

Um daqueles que ninguém queira ler.

Muito menos; instigue os limites.

 

Uma coisa trivial, simples parecer

de alguém que sabe que omites

uma vontade pertinaz de crescer.

O auge que se esvai em chiliques.

 

É!... e nesse poema de merda, o âmago

de nada dizer, como quem não quer;

como quem não pensa no amargo.

 

Que é esta ideia maluca de tudo ser…

Qualquer coisa…. Só por descargo.

Uma vontade manhosa de entender.

 

Os pesos da alma...

 

Se amanhã de manhã uma luz pairar

nos olhos de alguém que não sabe ver.

Direi que são clarões prestes a quebrar

as sendas diárias, um riacho a correr…

 

Se pela tardinha o cego cantar.

Uma triste canção e no estribilho o ser,

der o lamiré a quem estiver a escutar.  

Só sei que a virtude lhe roubou o ter.

 

Os pesos da alma tem um pouco de tudo.

Bem sei que o sol também descora a vida

mesmo que o cego esteja desnudo.

 

Que ténue refrão numa rota despida.

Se é nas vielas que se perde do mundo.

Se até o amor morre na sombra tingida.


Poesia falada, Mulher Alentejana.