sexta-feira, 15 de março de 2019

Andei pela cidade...


Andei pela cidade ao encontro do sol…
As ruelas alongaram os braços ao meu passar.
As Pedras são as mesmas… as Esquinas… acomodadas
nas fachadas mais velhas!...

As janelas de vidros partidos; acho que choraram.
Talvez recordassem uma criança esguia.
Os telhados são o berço de pombos vadios.
E os beirais o trapézio dos pardais.
As chaminés… as sentinelas através do tempo.

Andei pela cidade e senti falta de sorrisos.
Tudo o resto lá estava…
Como se o tempo tivesse parado.

Andei pela cidade e não me encontrei!...
Nas costas curvados dos velhos habitantes.



quinta-feira, 14 de março de 2019

Dança suave…


Cativa está a mente… No ar a quietude!
Penso no amor, na vida por acontecer.
Sou pequenina e na alma a atitude…
É um moinho e as Mós sempre a moer…

Erguem no vento a poeira sem virtude.
Onde fica o sonho se tudo o que disser…
Pode ser a saudade e esta é Ataúde.
Leva na sombra até um simples querer.

Onde pára a paixão… O brilho no olhar.
Se o grito morre na garganta e a neblina
deixa o ar friorento e este meu pensar!…

É tábua rasa onde busco a luz divina.
Até as borboletas se atrevem a bailar
uma dança suave que a tarde ilumina.



quinta-feira, 7 de março de 2019

Estrelas sem palco...


Preciso de um beijo no silêncio amargo.
De um sorriso num abraço amplo.
Preciso de paz, de amor, de conversas…
Sem entraves!...

E tu:
Que precisas no ruído turbulento.
Quantos os sonhos perdidos sem sossego,
Ou os beijos gastos na maré de um mar revolto.
Quantos abraços perdeste por aí…

E tu:
Que olhas os poetas, os pintores… os sons vadios…
Quantos sonhos deixaste sem ensejo.
Quantas palavras ficaram por dizer.
Quantos sorrisos ficaram sem nascer.

E tu…
E eu…
Quantos são os passos trocados no desencontro
das estrelas que brilham sem ter palco.



As cores do arco íris que perdi


Sobrevivente de um amanhã que não existe.
O pensamento é furacão sem lei nem roque.
É filho erudito, melopeia manhosa com o seu brilho.
Madressilva; onde ao contrario da flor
as silvas são as dores sem parto e o frio…
Ai o frio; é um rio em busca de amor!

Olho os dias e as gentes e as coisas…
E as coisas são lousas, são o riso
sem o siso que vejo por aí.

O pensamento é mortalha… revolve as entranhas.
As cores do arco íris que perdi…
Num dia sem volta;
são a certeza das perguntas sem resposta.



Rasguem os sorrisos...


Sei que até olhas numa transparência muda,
silenciosa e ardilosa no acto de descomprimir
sei que até olhas um espelho frio de medusa;
ó de lusa, alma singela, ira que incita ao fingir.

Não é bela a vida “Bela” de uma vida imunda.
Como é breve o grito “Breve” de ossos a partir
Como é fria a mortalha. Extensa e confusa
a ironia. Oito de Março o fracasso no sentir!

Rasguem os sorrisos, as flores, os chocolates.
Olvidemos mariposas e melodias, neste dia.
Mas não virem a cara ao flagelo. Quem diria!...

Que aos pés tombam soltas as lágrimas e a heresia
e o sudário que cobre de preto todas as bondades.
É o silêncio que peca, nega e admite barbáries.




Poesia Falada.