quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Sem que adivinhes…

Escuto Beethoven e leio o que escreves
ao sabor de uma clave.
Invento o teu mundo, numa, rima quente
invento o sorriso;
que me enche a alma
sem que saibas o prazer de ler…
Os teus dias.

Sei quando choras um amor eterno.
Quando cantas ao dia sereno.
Até quando partes sem olhar p`ra trás…
Sei tudo isso. Ou quero saber
sem que adivinhes que te estou a ler.



segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Cantilena absurda…


Não quero certezas, nem sequer o degredo
de um copo meio cheio.
Imperfeita e incompleta é a parcimónia
além da conta.
Corro conta o tempo, num frenesim inequívoco.
Esquivo e oco
é o grito que jorra da alma
sem temperança.
Escavado no sentir.
Apto a sorrir!

Ai!... Cantilena absurda
rufia e fantasmagórica.
Embala com leveza o eco
da minha voz.
Leva de vencida a saudade
e até a verdade imita a vontade
 de negar.

É em dias como este que inclino o olhar!...
Dou o meu melhor ao acto de espreitar.
Ainda assim; sinto no peito o vento.
Passa por mim um deserto, imenso.
E meu coração já de si retraído
ensaia um estranho gemido…
Perde-se do essencial;
num formigueiro surreal.
E o tempo concreto, não passa de um beco;
por onde as crenças vagueiam!...
Sem foz.



Poesia falada, Mulher Alentejana.