sexta-feira, 28 de junho de 2019

O amor é a lua no mês de junho…


O amor é a brisa nos dias de soalheira,
luz indomável, barco atracado, estuário
de um rio de águas calmas. Será precisa
a firmeza quando o arcaico é passado.

É a rutura entre o que foi, ou é a hora
certa para suprimir ao tempo o pranto.
O amor é a lua no mês de junho, é música.
Canto das cigarras no mês de agosto.

É ternura, entrelaçada com a certeza…
Tudo vai e tudo volta. Porém a beleza
está no despertar de mais um dia.

Quem diria!... Que a ocasião mata a razia.
Que as nuvens e até a forte ventania,
cedem ao que o tempo traz com leveza.



Resto ou rosto da utopia…


Há uma clemência submissa,
encobre a cegueira.
desvirtua o presente,
faz do receio um rio.

Morrem os peixes
defeca a espera
empurra a má sorte.
por caminhos nunca vistos.

Só os poetas são a melodia
desafinada
desencontrada
num tempo sem base.

Ah, como pesa o reboliço
em que a alma se encontra.
Como chora essa alma
o coração
a ilusão.

Quietude intempestiva.
Melodramática atitude.
Resto ou rosto
da Utopia…





sábado, 15 de junho de 2019

Caprichos da vida…


Disfarças o tempo em bandeja de prata.
Largas os sonhos num cofre de cetim.
Olhas o amor do alto de uma escarpa.
Vives na ilusão que não chegará o fim.

Corres apressado e omites que a estrada
é traiçoeira. Sim, ou Não. Porque, Sim!...
Sim. Nela o prenúncio é baliza frustrada.
É o tempo a dizer que acabou o festim.

Talvez desejasse que a mente albergasse
uma réstia de luz, ou um pouco de paz.
Quiçá quisesse que o tempo desistisse…

São caprichos da vida, ou ilusão mordaz.
Se o que pesa nos ombros é o interesse
domado pelo ego, corta como tenaz.



segunda-feira, 10 de junho de 2019

Dez de Junho...


Não sei de caravelas nem de gigante.
Perdeu-se a vontade e até a saudade
é uma certeza cruel, sentir gritante,
imunidade num tempo sem verdade.

Dizem, sei que dizem que a realidade
não é desejo, nem solfejo. O mar é gente.
É fado!... Ou então deve ser semelhante
à cova rasa de onde emerge a fria sorte.

Povo de pés descalços. Olhar de frente…
Grita, grita como quem beija. Mas cala!...
Calas como quem chora, povo emergente.

Não sei… ou sei… e saberei, novamente.
Que hoje, Dez de Junho, o grito é a alma
tresmalhada, remando contra a corrente.



sexta-feira, 7 de junho de 2019

Cegueira...


A saudade é larga num terreiro de pedra,
o preço é o peso sem partida,
choro em dia de inverno,
inferno sem memória, espinha dorsal
à deriva.

Para que grito, se o grito morre,
preso nos confins do universo.
Para que sonho se até o sonho
é remoinho a céu aberto.

Mendigo o pão, um olhar,
a descoberta.
Imploro um sorriso
fresco de criança
a quem passa.

Vontade sonolenta
na sonolência do dia.
Na frieza da cegueira.
Na correria apressada…
Cega a quem morre na calçada!...



Poesia falada, Mulher Alentejana.