terça-feira, 29 de junho de 2021

Nirvana...


Se os dias que passam são a estrada.

Triste de quem olvida o brilho do sol.

O Verão e o Inverno dos dias são enxada.

O frio e o calor são do tempo o lençol.

 

A terra está sentida e ao núcleo atracada,

uma sacudidela em jeito de paiol.

Os polos derretidos, no degelo retirada…

a esperança do futuro. Oceano sem farol.

 

A inercia absoluta e a avareza insana.

Nem sequer veem o planeta a chorar.

Os peixes a morrer, o mundo a afundar.

 

Ó sorte de abismar, loucos sem altar.

História gaseada, se ela não se engana…

A infeliz avidez não passa de nirvana.





A sua estrada...


!

Foi no campo que a ceifa começou

e no barro a minha alma foi lavrada.

Na planície a minha mente debruou

os socalcos de uma terra abençoada.

 

Foi dos dias em que tudo despontou…

A jornada que carrego, já cansada!

As memórias de uma gente que suou

as agruras de uma vida, a sua estrada.

 

Deste Tempo que o tempo endoidou.

Como é gasta a palavra enviesada.

Abafada, numa estrada, que levou…

 

Os sonhos que a charneca engalanada.

Impeliu na criança que um dia recriou…

         A palavra que vestiu, endiabrada! 




 

Poesia falada, Mulher Alentejana.