sexta-feira, 26 de junho de 2020

Pode um poeta escrever patetice…


Que vou pensar de um tempo sem freio.
Das mil verdades que ouço por aí!…

Pode um pateta ignorar um passeio.
Onde as almas andem sem receio.
Pode um poeta escrever patetice.
Mesmo que o palco esteja vazio.
Mesmo que as ideias sejam tapume.
Mesmo que as vontades sejam parolice.

A visão destes dias é sombria.
O ego quer-se longe da porta.
Não pode um poeta fechar os olhos…
Quando a razão é tão fria e torta!



terça-feira, 9 de junho de 2020

Um verso à farpela, ou para a farpela…


Quem te disse que a roupa só é a manta do corpo?
Penso nisto noite dentro, nas horas de maior frio.
Desconheço a certeza ao nascer do sol, parada no oposto,
na ignorância traiçoeira que te envolve como um rio.
De mágoas desgarradas pelo desconhecimento vazio.
Quem te disse que a roupa é só a manta do corpo?

Quem te disse que o meu sorriso é apenas isso?
Leviana tentação que te mantém no mesmo sítio.
Mesmo que o olhar seja no mínimo, mortiço…
Que os trapos que te tampam sejam o Suplício…
De brocados lavrados como remendo cavadiço.
Quem te disse que o meu sorriso é apenas isso?

Se não vês que a ocasião nem sempre salva a indumentária.
Que um sorriso pode ser a certeza disso mesmo.
Que a roupa que te tapa nada mais é que diária.
Mesmice sedenta sobre o corpo e está claro…
Que quem olha mais além é quem segue a luminária…
Que a tua alma denota na farpela imaginária!




Poesia falada, Mulher Alentejana.