Talvez me
ache a raiz quadrada
do tempo presente,
sem tempo marcado.
Talvez me
aches a multiplicação
de um caso
falhado.
Talvez me
sinta vazia por dentro
no centro
peado, no oco gerado
de um caso
tramado.
Talvez me
vejas na projeção
de um desejo
apagado.
Talvez eu
seja o reflexo difuso
da tua mente
o desejo
obscuro da incerteza
a vertigem escondida
o caminho
perdido
a fonte sem
vida.
Não!...
Sou a
estrela mais pequena do universo
o calor de
agosto
o luar de
janeiro.
Sou o vento
a bailar nas cearas
o suor do
rosto, o som da água.
Sou o moinho
e a Mós
a lonjura
alentejana
num choro de
mulher.
As cigarras.
as formigas
no carreiro
o sobreiro.
Sou o povo e
sou do povo
sou das
gentes
sou da terra.
Sou da guerra
sem ter armas
sou Palavra
e o teu pior pesadelo…
São os genes
da Palavra.
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