quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Raiz quadrada...



Talvez me ache a raiz quadrada
do tempo presente, sem tempo marcado.
Talvez me aches a multiplicação
de um caso falhado.
Talvez me sinta vazia por dentro
no centro peado, no oco gerado
de um caso tramado.
Talvez me vejas na projeção
de um desejo apagado.
Talvez eu seja o reflexo difuso
da tua mente
o desejo obscuro da incerteza
a vertigem escondida
o caminho perdido
a fonte sem vida.

Não!...
Sou a estrela mais pequena do universo
o calor de agosto
o luar de janeiro.
Sou o vento a bailar nas cearas
o suor do rosto, o som da água.
Sou o moinho e a Mós
a lonjura alentejana
num choro de mulher.
As cigarras.
as formigas no carreiro
o sobreiro.
Sou o povo e sou do povo
sou das gentes
sou da terra.
Sou da guerra sem ter armas
sou Palavra e o teu pior pesadelo…
São os genes da Palavra.



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Poesia falada, Mulher Alentejana.